domingo, 6 de novembro de 2011

Rede Globo engaveta o Pan 2011


Gabriel Oliveira

O Direito de transmissão do Pan-americano de Guadalajara, concedido à Rede Record de Televisão, deflagrou uma crise no meio televisivo que envolve as discussões sobre o direito à informação e impasses nos interesses econômicos das maiores emissoras de Tv aberta do país. A TV Globo, em retaliação à exclusividade adquirida pela emissora do bispo Edir Macedo, deixou de veicular informações sobre o evento para que não tivesse a obrigação de se referir à rival em suas transmissões. A TV Globo é, ainda, alvo de processos judiciais pela apropriação de imagens do Pan sem a devida autorização da Rede Record.

A rede Globo, ao desatrelar-se quase que por completo do Pan 2011, viola o direito à informação, garantido pelo artigo  da Constituição Federal Brasileira e fere o artigo 220, que estabelece estar “vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Mesmo assim, a massa adere à postura da emissora. A  influencia da TV Globo sobre a opinião pública é evidente. As estatísticas do IBOPE demonstram uma queda acentuada do interesse dos telespectadores. A abertura do Pan-americano de Guadalajara manteve a Rede Record na segunda colocação de audiência com 11 pontos. Durante a abertura do Pan do Rio de Janeiro, em 2007, a TV Globo alcançou 34 pontos de audiência, mais que o triplo dos telespectadores "conquistados" pela Record, nesse ano. Fica claro a potencial influência da emissora carioca sobre os telespectadores.

A indiferença da Rede Globo à transmissão do Pan também retomou a discussão sobre a necessidade de regulação jurídica para as comunicações. Para tal, o Marco Regulatório destinado ao setor, umas das heranças do governo Lula, voltou a ser mencionado nos meios políticos e, sobretudo, estudado para ser instituído como principal regulador comunicacional. O Marco Regulatório é um conjunto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores em que agentes privados prestam serviços de utilidade pública. Essas normas, leis e diretrizes devem estabelecer condições para a defesa dos interesses dos cidadãos e dar condições às empresas concessionárias que obtiveram o direito de explorar o setor. A área de comunicação não possui um Marco Regulatório, apenas “leis diversas e dispersas” na Constituição. O rádio e a Tv ainda contam com o obsoleto Código Brasileiro de Radiodufusão, datado do início dos anos 60.  A regulação da mídia, asseguraria, no cenário contemporâneo, a democratização e o repasse da informação com o objetivo de dar manutenção ao interesse público.

A confusão envolvendo o Pan ainda se espalhou no campo dos direitos jurídicos e econômicos de transmissão. Em ofício enviado antes do início do Pan-americano, a Rede Record exigia que as imagens do evento, para serem utilizadas por outras emissoras, deveriam conter a logomarca da emissora e um pequeno texto “Imagens cedidas pela Rede Record”, um direito garantido por força da lei. A Globo, no programa dominical Fantástico, transmitiu parte da prova de natação na qual o Brasil ganhou o ouro sem a devida autorização. A emissora atribuiu as imagens à Organização das Telecomunicações Ibero-americanas (OTI).  Conforme consta em contrato, a Record é o único meio de comunicação que pode ceder as imagens do PAN, tanto para TV aberta quanto para os canais fechados brasileiros, não cabendo à OTI divulgá-las. A Record alega ainda que a TV Globo não creditou trechos da abertura dos jogos pan-americanos que foram veiculados no principal telejornal do país, o Jornal Nacional. Em nota oficial, a Record reiterou a necessidade de cumprimento do contrato de direito de imagens.

A Record informa que, diariamente, disponibiliza dois minutos de um resumo de imagens dos Jogos Pan-Americanos. Por isso, não compreende por que uma emissora de televisão brasileira tenha utilizado imagens do evento sem procurá-la, já que é a detentora dos direitos exclusivos de transmissão do evento para o Brasil.

A Record não impõe nenhuma dificuldade para qualquer emissora que manifeste, de forma legal, o desejo de usar estas imagens, já que o principal objetivo de nossa emissora é difundir no Brasil o movimento olímpico, as conquistas dos atletas e a evolução do esporte nacional.

As imagens podem ser utilizadas pelas emissoras que assinarem um termo de compromisso de disponibilização. O documento é uma exigência internacional comum a todos os eventos esportivos ligados ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e foi assinado, até o momento, por SBT, Rede TV!, TV Cultura, TV Brasil, TV Gazeta, Bandsports, Bandnews, ESPN e Esporte Interativo.

São Paulo, 18 de outubro de 2011

Central Record de Comunicação”


A Rede Globo argumenta que utilizou-se de imagens da agência de notícias Associated Press Television News (APTN), de quem é cliente. Conforme a emissora carioca, as imagens exibidas pelo Fantástico foram atribuídas à OTI à pedido da própria APTN. A Globo afirma que agiu dentro da legalidade e conclui que “Este assunto, para nós, está encerrado”.

O Pan-americano encerrou-se com um saldo menor do que o avaliado pela alta cúpula da Rede Record. Apesar da exclusividade das imagens, a emissora ocupou a vice-liderança mas ficou muito distante da Rede Globo, líder absoluta, e perto da terceira colocada na audiência. As transmissões do Pan de Guadalajara foram marcadas pela inexperiência da equipe esportiva da emissora de Edir Macedo. A expectativa é que, para as Olimpíadas, a qualidade da transmissão eleve-se conforme a demanda pelo "produto" exclusivo também aumente. A Record pretende angariar muito mais telespectadores com as Olimpíadas de Londres, em 2012, do que “arrecadou” em 2011, com o Pan.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Parlamentares fazem novas acusações à Funprev

Vereadores defendem apuração das carteiras de investimento
da Funprev e citam caso que envolve concurso público

Amanda Melo

Em sessão na Câmara Municipal, no dia 26 de outubro, a Fundação da Previdência (Funprev) foi alvo de denúncias que não aparecem na Comissão Especial de Inquérito (CEI) aprovada no mês de setembro. A Comissão foi aberta para investigar irregularidades que diziam respeito a concursos públicos, pagamentos de hora extra e vantagens pessoais. Um dos casos apurados é o pagamento de R$ 15 mil de horas extras a um procurador jurídico.

Pedro Valentim, do PSB, e Amarildo de Oliveira, do PPS, apresentaram denúncia envolvendo concurso público. Segundo os vereadores, uma suposta cunhada de Liege Sementille Figueiredo (servidora que recebeu por horas extras que não trabalhou), deve ser investigada. A aprovada, Jéssica Fernanda dos Santos Figueiredo, seria casada com o irmão de Liege, mas seu sobrenome de casamento teria sido omitido na publicação do Diário Oficial.

Além disso, de acordo com os parlamentares, as carteiras de investimento da Fundação da Previdência também precisam ser analisadas. Eles defendem a abertura de uma nova Comissão Especial de Inquérito para tratar exclusivamente disso. “Para que se tenha uma melhor compreensão do que a CEI trata, não há como a que está apurando as eventuais irregularidades estender o assunto para o investimento das carteiras. Há a possibilidade da sugestão de abertura de uma nova CEI que trate especificamente disso”, explica o vereador Fabiano Mariano, do PDT.

Outra reclamação feita na Câmara diz respeito à falta de respostas da Funprev à CEI. O presidente da entidade, Vanderlei Tomiati, afirmou, em entrevista ao Falando em Política do dia 15 de setembro, que a Fundação colaboraria com as investigações. No entanto, segundo o vereador Moisés Rossi, do PPS, as informações e os documentos solicitados pela Comissão não foram propriamente encaminhados.

“O primeiro ofício, eles responderam com um papel de respostas, mas não com informações que nós pedimos. Esperamos que eles nos tragam as informações que nós precisamos para que possamos continuar o processo, chegar à conclusão e fazer o relatório que precisamos fazer”, afirma Moisés Rossi. O vereador ressalta ainda que a comprovação das acusações feitas pode direcionar a atitude dos vereadores para que haja o afastamento da diretoria da Funprev.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ministro do Esporte é o sexto a deixar o cargo no governo Dilma

Orlando Silva deixa o Ministério do Esporte após denúncia de desvio de recursos no programa Segundo Tempo

Laís Rodrigues

Na última quarta-feira, dia 26, caiu o sexto ministro desde o início do governo Dilma. O Ministro do Esporte Orlando Silva saiu do cargo depois que o Supremo Tribunal Federal, o STF, decidiu investigar denúncias de desvio de recursos públicos de programas sociais do Ministério.

Dos seis ministros que caíram neste ano, Orlando é o quinto a sair por causa de denúncias de corrupção. A saída de Orlando Silva do Ministério do Esporte foi decidida na noite de terça-feira, em um encontro de dirigentes do PC do B, partido do ministro, com o Secretário Geral da presidência Gilberto Carvalho.

Em coletiva de imprensa, Orlando Silva afirmou que há 12 dias sofre calúnia e que vai utilizar seu afastamento para provar que as denúncias contra ele são falsas.

A abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal para investigar as ações de corrupção contra o Ministro tornou insustentável a permanência de Orlando Silva no governo. Mas o partido dele, também citado nas denúncias, recebeu de Dilma a garantia de que vai continuar no Ministério.

Na semana passada, em visita a Angola, na África, a presidente defendeu o PC do B e sua aliança histórica com o PT. Também em Angola, a presidente Dilma Rousseff manifestou falta de convicção no envolvimento de Orlando Silva nas fraudes de que foi acusado.

Mesmo assim, a presidente está certa de que o desgaste político para seu governo é irreversível. O primeiro ministro a cair foi Antonio Palocci, em junho, acusado de enriquecimento graças a tráfego de influência em favor de uma empresa de consultoria.

Denúncias de desvio de dinheiro público também derrubaram os Ministros dos Transportes Alfredo Nascimento, da Agricultura Wagner Rossi e do Turismo Pedro Novais. Nelson Jobim, Ministro da Defesa, pediu demissão depois de criticar publicamente duas outras ministras.

Fora do cargo, Orlando Silva perde o foro privilegiado e será julgado na justiça comum pelas denúncias de corrupção.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Situação e opositores entram em acordo e aprovam PCCS


Oposição pressiona e Câmara Municipal aprova por unanimidade pacote reduzido
de cargos na administração municipal

                                                                                                                      Laís Rodrigues


No dia 26, os vereadores discutiram o Plano de Cargos, Carreiras e Salários, o PCCS, da administração pública e da saúde. O projeto de lei proposto pelo prefeito Rodrigo Agostinho criava, inicialmente, 190 vagas para serem preenchidas na Prefeitura de Bauru.

Os vereadores oposicionistas foram contra a aprovação do PCCS, alegando inchaço da máquina. O problema é que o pacotão enviado pelo prefeito incluía também melhorias salariais para motoristas e tratadores de animais.

 A pressão por parte do Sindicato dos Servidores, o Sinserm, fez com que a votação fosse adiada, por onze votos a cinco. A oposição pressionou e durante a semana o prefeito reduziu 57 dos cargos previstos o projeto de lei inicial. 

Mesmo assim, os oposicionistas só aprovaram o projeto na última segunda-feira para não prejudicarem os servidores públicos. Antes da votação, o vereador Marcelo Borges, do PSDB, se pronunciou sobre a mudança de voto da oposição. 

Para Marcelo, a aprovação da lei foi uma negociação entre oposição e situação. “Eu fico muito contente de estar votando uma proposta que a oposição coordenou. Diminuímos os cargos, diminuímos a questão daquele inchaço, do impacto financeiro da máquina e estamos votando hoje aquilo que é um acordo. Nem era esse o motivo da oposição, mas, em acordo, todo mundo tem que ceder um pouco”, disse.

Ainda durante a sessão, o vereador José Roberto Segalla, do DEM, afirmou que, quando da primeira apresentação do projeto de lei, já viu problemas no PCCS. De acordo com o vereador, cabe à Prefeitura apresentar uma lista justificada de cargos que realmente precisam ser criados.


O vereador José Roberto Segalla (DEM) antecipa novos problemas com o PCCS. (Foto: Agência Bom Dia) 

Segalla também acredita que o prefeito foi precipitado ao mandar um pacote de medidas em vez de criar vários projetos de lei separados. “Eu vou votar, porque eu não quero prejudicar os motoristas, não quero prejudicar os tratadores, não quero prejudicar os demais funcionários. Mas a forma como o senhor prefeito faz é um ‘passa moleque’. Ele não manda separado, ele não dá a oportunidade de nós distinguirmos. Então eu vou votar a favor, mas estou convencido de que não deveria aprovar esta quantidade de cargos”, afirma.

O Prefeito Rodrigo Agostinho não foi encontrado para dar entrevista.

sábado, 24 de setembro de 2011

Um fantasma nada camarada

A possível volta da CPMF mostra como nossos representantes em Brasília não aprendem com os erros do passado.  
Isis Rangel

Há alguns dias, o nome CPMF voltou ao noticiário atrelado ao da Emenda 29, devido à articulação de alguns políticos para que o imposto volte a existir. O Congresso Nacional extinguiu a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) – o famoso imposto do cheque – em 2007, após imensa pressão popular. O imposto foi criado com o intuito de financiar a saúde pública, mas na realidade, teve seus recursos desviados para outros fins.

A Emenda 29 foi criada em 2000 e deveria valer até o ano de 2004 - ano em que o Congresso deveria votar uma lei complementar que a regulamentasse. O texto da Emenda determina que os municípios devem investir 15% da receita arrecadada com impostos e os estados, 12%. Segundo o texto, os investimentos da União estão ligados diretamente ao PIB, mas não está especificada uma fonte concreta de recursos para a saúde. Por isso, a volta da CPMF – ou um novo imposto em seus moldes - foi a solução encontrada por alguns para garantir a verba necessária para os investimentos do governo federal. 

A medida, porém, não é popular devido ao histórico de desvios do imposto. Outro fator contrário a reinstituição da CPMF é a promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff de não criar novos impostos. 

Uma das saídas é a utilização dos royalties do petróleo da camada pré-sal como financiamento à saúde a médio e longo prazo. O problema enfrentado pelo Planalto é a urgência que os estados têm de mais verbas para a saúde. Por esse motivo, o governo cobrou um posicionamento firme dos estados sobre a Emenda 29. Em resposta, alguns governadores, incluindo nomes da oposição, assinaram uma nota apoiando a criação do novo imposto.

Mesmo assim, no último dia 12, a presidente Dilma afirmou que não haverá um novo imposto para financiar a saúde. Desse modo, evita o desgaste de sua imagem com o eleitorado, com a oposição e até com alguns membros da base aliada que eram contra o projeto.