sábado, 17 de setembro de 2011

Nove meses, cinco ministros e um só governo

Com média de uma demissão de ministro a cada 51 dias, governo Dilma bate recorde em seu primeiro ano de mandato.
                                                                                                                           Isis Rangel

Os problemas nesse primeiro ano de governo de Dilma Rousseff parecem não ter fim. Nos primeiros nove meses de gestão, a presidente perdeu os titulares da Casa Civil, Transportes, Defesa, Agricultura e Turismo.

O primeiro a deixar o governo foi Antonio Palocci, que saiu da Casa Civil após denúncias do jornal Folha de S. Paulo de que seu patrimônio teria aumentado 20 vezes nos últimos cinco anos. No início de junho, Palocci entregou seu pedido de demissão à Dilma. Ele foi substituído pela senadora do PT, Gleisi Hoffmann.

A demissão do ministro da Defesa, Nelson Jobim, já era esperada há algum tempo. Sempre que tinha a oportunidade, o ministro fazia críticas ao governo Dilma. No início de agosto, a presidente demitiu Jobim e chamou o ex-ministro das Relações Exteriores no governo Lula, Celso Amorim para assumir a pasta.

Em meados de junho, a presidente lidou com mais uma crise ministerial. A revista Veja revelou irregularidades na pasta de Transportes. Segundo a publicação, havia um esquema de cobrança de propinas entre empresas prestadoras de serviço envolvidas em reformas e construção de estradas. O esquema seria coordenado pelo deputado Waldemar Costa Neto, do PR. O partido arrecadaria de 4% a 5% do valor das propinas.

O diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), José Henrique Sadok de Sá foi afastado do cargo por envolvimento no esquema de propinas.


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O então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento e seu partido, o PR, tentaram abafar o escândalo, mas no dia 6 de julho, o jornal O Globo trouxe mais uma denúncia sobre o caso. A matéria mostrava que o patrimônio do filho do ministro aumentou 86.500% nos últimos dois anos.

Após essa denúncia, Alfredo Nascimento deixou a pasta e em seu lugar, Dilma efetivou Paulo Sérgio Passos. Ao menos 27 pessoas foram afastadas ou demitidas de seus cargos no ministério e no Dnit.

No dia 30 de julho, mais um escândalo revelado, agora no ministério da Agricultura. A revista Veja publicou uma entrevista em que Oscar Jucá Neto, ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), afirmou existir um esquema de corrupção entre PMDB e PTB para controlar o dinheiro da pasta.

Reportagem do dia 7 de agosto do jornal Folha de S. Paulo, revelou que Wagner Rossi, então ministro da Agricultura, transformou o Conab em cabide de empregos ao aumentar de 6 para 26 o número de cargos para assessores especiais.

No dia 17 de agosto, após a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) para investigar as denúncias, Wagner Rossi deixou o cargo. O PMDB indicou o deputado Mendes Ribeiro para assumir o ministério.

E foi a PF que deflagrou outro caso de corrupção no governo. A Operação Voucher investigava o esquema de desvio de verbas públicas por meio de emendas parlamentares no ministério do Turismo.

A Operação prendeu 38 pessoas, entre elas o número dois do ministério, Frederico Costa Silva que pediu demissão no dia 17 de agosto.

Após inúmeras denúncias, entre elas pagar a governanta com dinheiro público, e mais de um mês de crise, o ministro do Turismo, Pedro Novais, se demitiu na última quarta, dia 14.

Um dos resultados das crises ministeriais foi a saída do PR da base aliada por causa das demissões no ministério dos Transportes. Outro resultado foi a chamada “faxina ética” que, segundo Dilma, não é a pauta principal de seu governo.

Talvez seja verdade, já que a presidente permitiu que os ministros tentassem se manter nos cargos, como no caso de Palocci, porém, como no caso de Rossi, Dilma tomou a atitude que todos esperavam, portanto, o nos resta é esperar os próximos capítulos desta tão aguardada faxina.

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