quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Movimento contra Ricardo Teixeira chega ao Senado

Legitimado no poder há 22 anos, o presidente da CBF, 
após manifestações no Twitter e nos estádios, perde também 
parte do prestígio nos órgãos públicos brasileiros

Amanda Melo

As declarações polêmicas de Ricardo Teixeira em entrevista à Revista Piauí, no mês de julho deste ano, tiveram grande repercussão e, como consequência, uma série de manifestações contra o cartola. Nas redes sociais, o movimento “Fora, Ricardo Teixeira” obteve massivo apoio. Além disso, torcedores protestaram durante os clássicos da 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. No cenário político, o mandatário começa a perder o apoio que possuía.

Foram mais de 75 mil postagens com a hashtag #foraricardoteixeira no Twitter. Entre os apoiadores do movimento, estiveram Xico Sá, Marcelo Rubens Paiva e o jornalista Juca Kfouri, desafeto confesso de Teixeira e processado por ele mais de cinquenta vezes. Apesar do grande apoio na internet, o movimento contra Ricardo Teixera não obteve o mesmo sucesso nas ruas. As marchas realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo reuniram, juntas, pouco mais de mil manifestantes.

Nos estádios, torcedores mostraram descontentamento em relação à atuação de Ricardo Teixeira à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Comissão Organizadora Local (COL) da Copa de 2014. Com apoio das torcidas organizadas, o protesto ganhou força nos principais estádios do país em manifestação significativa durante os clássicos pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro. A atitude, porém, foi reprimida pelas federações estaduais, respaldadas em uma brecha do Estatuto do Torcedor que proíbe qualquer manifestação do tipo. 


Torcida palmeirense protesta contra Ricardo Teixeira
durante clássico contra o Corinthians, no Prudentão.
(Foto: Eduardo Viana/Lancenet)

Ricardo Teixeira causa descontentamentos no Senado

O senador Demóstenes Torres, líder do DEM, publicou em seu Twitter críticas à atitude repressiva das federações estaduais em relação aos protestos. Além disso, em artigo publicado no seu site, Demóstenes cita o mandonismo da Federação Catarinense de Futebol (FCF) ao conter a manifestação de torcedores. acho meio forte

“Se permitirmos que usem o Estatuto do Torcedor para calar a torcida, logo estarão prendendo as passistas por causa dos trajes mínimos no Carnaval e os tuiteiros que colocarem a hashtag #foraricardoteixeira. Não se pode deixar que driblem a lei para golear as liberdades”, afirma o senador.

Muitos apoiam Ricardo Teixeira nos órgãos políticos brasileiros, a exemplo do senador Aécio Neves e do presidente do Senado Federal, José Sarney. Ainda assim, pequenas demonstrações de insatisfação com o cartola começam a surtir efeito. O governo federal, que durante o mandato de Lula se mostrou bastante próximo à CBF, parece ter recuado e demonstra receio em relação ao dirigente. A presidente Dilma Rousseff recusou-se a encontrar o mandatário durante o sorteio dos grupos das Eliminatórias da Copa, no Rio de Janeiro.

(Créditos: Amarildo)
Na entrevista à Piauí, Ricardo Teixeira se diz inocente frente às acusações de corrupção feitas em relação a ele e a demais dirigentes da CBF. O presidente negou, por exemplo, a acusação feita pelo jornalista Andrew Jennings, que apresentou uma lista de dirigentes da FIFA - entre eles Teixeira e João Havelange -, suspeitos de terem recebido 100 milhões de dólares da ISL, uma empresa de marketing esportivo, em troca de direitos de transmissão de campeonatos. “Eu nem era do Comitê Executivo nessa época, iam me subornar para quê?”, afirmou o cartola. Além disso, vários trechos da reportagem inferem que o presidente da CBF mantém relação estreita com a Rede Globo, justificando o motivo de matérias que o criticam não serem veiculadas pela emissora.

Entre as várias acusações que Ricardo Teixera já recebeu, estão mais de 13 pedidos de indiciamento relativos a supostos crimes de evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Todos os casos, porém, foram arquivados pelo Ministério Público por meio de manobras jurídicas.

Falta de investimentos para a Copa é uma das queixas de Teixeira

No último mês, o senador do PMDB-MG, Aécio Neves, tornou públicas queixas feitas por Ricardo Teixeira a respeito da falta de investimentos do governo federal para o Mundial de 2014. Segundo ele, o cenário descrito por Teixeira se mostra quase trágico e a decisão de Dilma de cortar ainda mais os gastos públicos é preocupante.

Em relação a questionamentos sobre atrasos nas obras dos estádios, Ricardo Teixeira garantiu na entrevista concedida à Piauí que, no que depender dele, tudo estará pronto dentro do prazo.

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